sábado, 20 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

e daí?

Depois que as ondas passam, deixando a areia da praia lisa novamente, é praticamente possível acreditar que as coisas recomeçam assim como as ondas acertam a praia. A toda hora. E por que não? Acreditar que o passado nunca aconteceu, e que o futuro nunca será, e que cada momento vale a vida inteira. Assim que deveria ser a vida: tudo pelo agora, sem medo da dor, sem medo do erro, sem medo de perder. Porque, independente do que está por vir a seguir, pode ser que o “a seguir” seja a onda que vem pra te levar, limpando a areia, porque você é o excesso desnecessário... de vez em quando eu gosto do pessimismo; mas apenas para diminuir a prepotência inerente, que insiste em me colar no centro do universo. Sério. O que se perde quando se aposta tudo? Ou o que se perde quando impomos limites que, sinceramente, não precisamos ultrapassar? Nada. Nada. Tenho um amigo que insiste na ideia de que ninguém se importa. E, de uns tempos pra cá, tenho achado essa ideia bastante boa. Laerte anda se vestindo de mulher, e todo mundo acha o máximo. E sabe por quê? Porque ele se acha o máximo assim. Me disseram que o DJ do Black Eyed Peas se apresenta fantasiado de robô. E a galera delira. Sabe por quê? Porque ele acha isso o máximo e sustenta. Ontem na rua eu vi um menino fantasiado do cowboy do toy story. E eu achei o máximo. E sabe por quê? Por que o moleque tava se achando! Então, na verdade, a vida deveria ser UM GRANDE FODA-SE, por dois motivos: primeiro, porque ninguém realmente se importa e, segundo, porque, se se importassem, as pessoas não se lembrariam mais em muito pouco tempo. Então, que diferença faz? Curta. O resto não interessa. E, no fim das contas, você volta pra casa com a sua bagagem cheia de você mesmo, e é bom que esse você mesmo seja muito bom!



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A gente precisa de tempo

“Nomear um objeto é destruir três quartos do prazer que reside no adivinhar gradual da sua verdadeira natureza” (Mallarmé)

Nunca consegui dizer quem eu sou. Acho que não consigo me definir através das palavras. Também não gosto de categorizar os outros em listas de adjetivos. Ao meu ver, a única coisa que supera as palavras em seu poder são as atitudes. E é assim que me defino. Como eu não posso me ver, ou melhor, como o meu ponto de vista sobre mim mesma é diferente do ponto de vista de qualquer outra pessoa sobre mim, qualquer tentativa de me definir vai ser parcial e extremamente subjetiva, pois eu conheço alguns de meus esconderijos, várias de minhas motivações, mas isso nunca fica totalmente claro para aqueles que só veem minhas atitudes. Então sempre haverá um dissenso entre a minha verdade e a verdade dos outros sobre mim. Por isso eu nem me esforço muito para criar uma identidade fixa; me esforço apenas para ser fiel ao que eu acredito apesar de todo o resto, porque eu preciso de coerência.

O mesmo serve para os outros. Até que ponto podemos afirmar que conhecemos outra pessoa? Ou, ainda, como fazemos para conhecer uma pessoa? Eu sempre suspeito de pessoas que falam demais. Minha formação passa profundamente pela análise do discurso, e eu sei que falar é extremamente mais fácil do que agir. Não acredito em pregadores, pois toda ação deve ser relativa, não existe regra absoluta no que diz respeito ao comportamento humano. E também sei que, na maioria das vezes, as palavras são jogadas muito longe das atitudes, sem haver entre elas a mínima sincronia. Isso me dá um pouco de vertigem e me impressiona demais.

Daí o grande valor do tempo.
O tempo. Não o tempo do relógio, esse que passa rápido e a gente não vê. Mas o tempo das coisas. O tempo do crescimento, da fermentação, do organismo, das estrelas, no sol, do universo, da vida. Esse tempo que não cabe num cronômetro. É esse tempo que vai trazer tudo o que precisamos saber. E esse tudo é formado por coisas boas e também por coisas ruins. Mas só poderemos descobrir se algo é bom ou ruim depois de experimentar através do tempo.

Então eu volto aos dizeres de Mallarmé, que diz que nomear é destruir parte do prazer de adivinhar gradualmente as coisas. A gente precisa de tempo. Tempo para nos conhecer, tempo para conhecer os outros, tempo para conhecer as coisas. A gente também precisa perceber que o prazer está no adivinhar, no descobrir, no entender e não no resultado do julgamento. O julgamento só entristece.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

I love you, je t'aime, te amo

Sexta feira eu estava em casa, de bobeira, coloquei num canal da TV a cabo e estava começando a passar este filme. Resolvi assistir.





Eu ando extremamente sensível e romântica nos últimos tempos. Desde comecei a tomar florais e conversar com a terapeuta holística, alguma coisa mudou no meu “core” (adoro essa expressão, haha). Mas é verdade. Parece meus sentimentos afloraram e eu estou à flor da pele (lições práticas de lingüística), romântica, dessas que choram ao assistir “diário de uma paixão”. Mas eu chorei porque, apesar do filme ser realmente lindo, eu tenho saudades desse tipo de amor. Dessa troca entre as almas. Isso foi na sexta.

No sábado eu fui ao casamento mais lindo que já vi na minha vida. Acho que foi o mais lindo porque foi o de uma amiga muito querida, que tinha o grande sonho de se casar e realizou esse sonho com um cara muito legal. E I Love you, je t’aime, eu te amo foram algumas das palavras do padre*. Eu fui madrinha desse casamento e pude ver e sentir de perto toda a emoção de um amor verdadeiro. E de novo chorei, porque eu me emociono quando as almas se encontram, se querem e assumem para o mundo, com aquele sorrisão estampado, o tanto que é gostoso se encontrar e ficar junto. Pra sempre, de preferência.

Mas entre o filme e o casamento tem a música, de uma banda que descobri num garimpo profundo na internet e que se tornou uma das minhas bandas favoritas do momento. A música é pra ouvir bem alto, e ela também me dá aquele nó na garganta porque eu canto alto, mas não sei pra quem. Como é ruim ter tanto amor pra dar e ninguém pra receber, né? Então vamos cantar juntos? Bem alto: I JUST CAN´T FORGET ABOU YOU BABEEEE!!!!!







*juro.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lealdade


Então; tem esse site que eu sigo, que é de um cara (essa cabeça aí é dele) que fala sobre marketing , mas é impressinante como que várias coisas que são ditas por ele se aplicam perfeitamente às relações humanas. Não resisti, e vou compartilhar o tópico de hoje, sobre lealdade, algo que eu acho lindo de se descobrir. Está em inglês, espero que nao seja um problema!

"
Loyalty


Loyalty is what we call it when someone refuses a momentarily better option.

If your offering is always better, you don't have loyal customers, you have smart ones. Don't brag about how loyal your customers are when you're the cheapest or you have clearly dominated some key element of what the market demands. That's not loyalty. That's something else.

Loyal customers understand that there's almost always something better out there, but they're not so interested in looking.

Loyalty can be rewarded, but loyalty usually comes from within, from a story we like to tell ourselves. We're loyal to sports teams and products (and yes, to people) because being loyal makes us happy. Why else be a fan of the Cubs? Some customers like being loyal. Those are good customers to have.

Loyalty isn't forever. Sometimes, the world changes significantly and even though the loyal partner/customer likes that label, it gets so difficult to stick that he switches.

I think there's no doubt that some brands and teams and politicians and yes, people, attract a greater percentage of loyal fans than others. Not because they're bigger or better, but because they reinforce the good feeling some people get when they're being loyal. Hint: low price or supermodel good looks are not the tools of choice for attracting people who enjoy being loyal.

Rewarding loyalty for loyalty's sake--not by paying people for sticking it out so the offering ends up being more attractive--is not an obvious path, but it's a worthwhile one. Tell a story that appeals to loyalists. Treat different customers differently, and reserve your highest level of respect for those that stand by you."

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Não há como viver sem fantasia

Bartolomeu Campos de Queirós por um Brasil Literário:

“... o homem é feito de real e ideal (...) e a fantasia é o que existe de mais importante na construção do mundo. Se existe o novo é porque ele foi fantasiado anteriormente. Então nós devemos à fantasia todo o desenvolvimento do mundo. Então, a educação não pode estar em somente informar o que já foi feito; e educação também tem que abrir uma porta para que o sujeito possa fantasiar o futuro e dar corpo a essa fantasia. Então eu vejo que a literatura é importante para que a educação se confirme também como o lugar da transformação, e não apenas como o lugar da informação.”

“A gente só suporta o dia de hoje porque há a perspectiva do amanhã. Isso tudo está no campo da fantasia. Não há como viver sem fantasiar.”







Bartolomeu, segundo a editora FDT: “Bartolomeu só faz o que gosta, não cumpre compromissos sociais nem tarefas que não lhe pareçam substanciais. Diz ter fôlego de gato, o que lhe permitiu nascer e morrer várias vezes. "Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o suficiente para uma palavra me ressuscitar".

Em 1974 publicou seu primeiro livro, O peixe e o pássaro, e desde então vem firmando seu estilo de escrita como uma prosa poética da mais alta qualidade.”

Coloquei um link de um site que apresenta o texto do livro “
O peixe e o pássaro”, que é um dos meus favoritos deste autor.

Eu não vou fazer nenhum comentário. Leiam o trecho transcrito do vídeo, assistam ao vídeo, leiam o link indicado e conheçam mais um pouco sobre o autor e sua obra. E, se tiverem oportunidade e interesse, escutem tudo o que ele tem a dizer, principalmente sobre educação.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

LIMBO*

Acho que existe um limbo sentimental. Sabe? Um pré-lugar, onde os sentimentos ficam encubados sem destino definido. Acho que eu to com um sentimento nesse lugar. A minha grande dúvida é: eu posso escolher se esse sentimento vira amor? Quer dizer: será que, quando existe um sentimento no limbo, esse sentimento PODE virar amor, ou ele JÁ É amor esperando a minha autorização para vir? (O que não vai acontecer, by the way... então ele fica lá pra sempre???? O que acontece com os sentimentos se eles não vêm pro lado de cá???)
Para ler ouvindo : 24 Hours - Noisettes
*leia mais sobre limbo aqui

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Bolinha verde



Esse post é o recorte de uma conversa que aconteceu no msn entre mim e uma amiga da minha mãe (que já está na faixa dos 50 e poucos anos). Eu ri muito -e alto- e achei interessante como que a inclusão digital gera novas formas de lidar com os embates afetivo-sexuais... kkkk


A minha filha falou que eu estou com cara de boneca nessa foto...forçada e artificial
Foi meu sobrinho que tirou e eu me arrumei toda e sorri amarelo. Foi isso,não ta natural
não era pra ter ficado tão forçada,mas pedi ao Ian p tirar a foto e colocar pq não sei fazer essas coisa.
filho é crítico mesmo...
essas férias é q eu estou aprimorando conversar no msn
é falso...não tem o tom
a gente fica sem paciência

(...)

o que mais me intriga é a pessoa estar online -bolinha verde- e não te chamar
a gente se sente rejeitada
o tal do face bock é engodo
todo mundo mente ser animado
ser bem humorado
ser cult
eu não quero me acostumar com isso não
não é legal,é falso demais


eu mesma manipulo um ex...fico online,mas fui andar
nem sei se ele me chama
fico online só pra ele mesmo
isso é o fim do mundo...para pra pensar...

C. diz:
kkkkk
se ele te chamar, a janelinha com o nome dele aparece
e fica laranjinha
até quando vc voltar



nunca ficou laranjinha
então ele nunca me chamou
oooooo,dó!!!!
(...)

o mais tágico é ficar olhando pra bolinha verde pensando que a pessoa ta ali

a gente fica apaixonada pela bolinha

aaaa,nemmmmmmm
preferia a época do telefone
pelo menos a gente podia andar pala casa

eu fico assentada ao lado dessa porra pra ver a bolinha da bosta do homem

a bolinha verde mata

só...a gente engorda em frente a esse treco


C. diz:
se ele te bloquear, vc nunca mais vai ver a bolinha dele

quer dizer que ele não me bloqueou?
ai,que bom

é uma tortura...primeira vez que isso acontece comigo
teve um dia que eu não aguentei
chamei ele e falei :-Estou
colocando as sandálias da humildade

e te chamando,pq posso ver a sua bolinha verde...tão longe e tão perto

mas ele não riu...

falou que eu não precisava me incomodar,nem ficar constrangida
que poderia chamá-lo qdo quisesse
mas eu vou chamar e falar o que?

ele mora no Rio e fizemos um acordo
eu entrei c a bunda e ele com o pé

C. diz:
kkkkkkkkk

ai !!!
e esse acordo tá bom pra vc????
ahhaah

naõ
tou sofrendo igual adolescente

tanto que fico aqui olhando a bolinha dele
quase o dia inteiro

a minha filha pensa q eu bloqueei o véi

mas eu tou é verdinha só pra ele. as vezes.

mas uma hora ele vai ,além de ficar verde,ficar laranja....

(..)

haha,,,quem me dera achar que é assim
não acredito mais na verdade
acredito num jogo fudido
em que o ganhador sabe das regras
pra homem mto vivido - ele tem 70 anos! a gente deveria poder ser mais espontânea,mas
a minha experiência tem me mostrado que
você tem que fingir leveza...se é que isso
é possível
eu não sei fazer isso,então me recolho
ninguém esconde um peso feito o mórbido!
meu....obesidade afetiva mórbida
e de sumir também eles gostam...
alá. foi só falar pra bolinha dele ficar laranja.

(...)

domingo, 25 de julho de 2010

AR


Andava sozinha porque achava que não precisava de ninguém. No caminho (aparentemente) deserto ia feliz porque acreditava que não precisava de ninguém...

(...)

Ela dizia gostar de pessoas, e não de coisas. Era humanista, e não materialista, brincava. Então, não era estranho ela estar sempre mais rodeada de coisas do que de pessoas? Era assim porque ela pensava que não precisava de ninguém. “Gostar é uma coisa, precisar é outra”...

(...)

Mas em seu peito havia um peso. O peso do espaço vazio. O peso da lacuna. O peso da falta. E esse peso às vezes deixava o ar difícil de respirar. E ela sentia sua circulação diminuir, seu coração acelerar e sua pele gelar. Então percebeu que respirar era algo de que ela precisava se lembrar de vez em quando...

...ela precisava se lembrar de respirar...


Daí ela se sentia mais leve, pois o ar preenchia aquele espaço vazio no meio do peito.


Mas ela não era uma bola. Nem um balão. Ela sabia que não era de ar que ela precisava para estar realmente preenchida. Ela precisava de alguém. Foi aí que percebeu que não podia mais andar sozinha e também teria que sair do caminho (aparentemente) deserto.

“A caminhada pelo outro caminho é mais longa, parece”.

“A vida é cheia de paradoxos, e paradoxos cansam” disse ela ...

... suspirando...

de saco cheio de ar.

domingo, 18 de julho de 2010

Palavrista de alma


“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.”

(Carlos Drummond de Andrade)


Não sou poeta. Não sou cronista. Estou sempre à mercê de um lirismo momentâneo que me provoque a coragem de sentar aqui e escrever alguma coisa. Não que eu não tenha inspirações. Sim, eu as tenho. Não que eu não pense que isso deveria ser dito, ou que aquilo deveria ser “publicado”. Muito pelo contrário. Praticamente todos os dias eu tenho um pensamento chave para uma discussão, para a reflexão sobre suas causas e implicações. Mas eu respeito muito qualquer pessoa que me leia ou me escute. E me recuso apresentar algo que eu não acredite que valha a pena ser dito. Moro no silêncio. As palavras também habitam o silêncio antes de serem ditas. (Posso pegá-las e elas fazem um barulho oco quando caem). E eu também as respeito. Já foi explicado que o trabalho com as palavras é uma luta - vã, diria o poeta. Mas é uma luta que alguns nascem predestinados à loucura que é encará-las. Eu, como não sou escritora de ofício, não consigo escrever todos os dias, faltam-me forças e coragem.

domingo, 6 de junho de 2010

...


O silêncio que a tantos assusta é o lugar em que me sinto melhor. As palavras se interpõem entre os lados – sejam eles coletivos, concretos, abstratos, individuais... Qualquer símbolo impregna de idéias e valores a existência de uma mensagem simples e pura. Não há pureza nas palavras. O silêncio consegue ser mais exato. Olhares dizem muito mais. E é menos provável que se minta em silêncio. Em silêncio a língua é outra- das energias, das afinidades, da alma. É através dos olhos, e em silêncio, que se chega ao âmago dos outros – e ao nosso também: pelos olhos e em silêncio. Não há outro caminho. Porque algo se perde quando precisamos (de)codificar. E as muitas possibilidades que se acrescentam através do código, podem tornar o caminho menos reto- como um mapa cheio de vias: mais possibilidades nem sempre resultam na melhor trilha. Eu moro no silêncio. É uma pena que muitos ainda se assustem com ele.

terça-feira, 23 de março de 2010

hã!?




Quando não me compreendem me sinto um inseto desorientado. Tentando fugir não sei de quê, num espaço que não sei qual é. Falo alguma coisa que era pra ser sutil, e me chamam de escrota. Solto uma piadinha, e todo mundo fica me olhando com aquela cara de parede. E penso: como assim ninguém entendeu? Tão óbvio. Aí parei pra reparar que na maioria das vezes eu falo coisas querendo dizer exatamente o contrário. Aí comecei a pensar que, de repente, o problema pode ser eu.

domingo, 21 de março de 2010

O amor precisa só de mim

Com os pés na grama, sentada, observando a paisagem do mirante, vendo a cidade inteira como se eu não coubesse dentro dela, vejo sua figura surgindo, como se a cidade me oferecesse você. O vento bate no meu rosto. Olho pra você, com olhos desconfiados, sem acreditar no que vejo: você. É bom demais pra ser verdade. Você que vive tão longe, você que vive numa memória tão distante. Você que não me conhece, mas sabe que eu sonho com você. Você e os seus olhos grandes, cor de açúcar queimado. Não acreditei quando te vi. Mas você não me viu, e se sentou de costas pra mim, para observar a mesma cidade que eu via. Olhávamos para o mesmo lugar. Mentira. Eu agora não olhava mais pra cidade. Olhava pra você. Podia ver o osso da sua coluna sob a blusa branca. Aquilo te fazia mais real. Eu me perguntava que cheiro era o seu. E pensava em toda a história que eu vivi sozinha, com você dentro de mim. Então resolvi ir embora. Por que eu já estava cansada de pensar em você. Decidi desistir de tudo. O caminho era um só, e eu teria que passar por você, que me veria – se visse- somente de costas. E eu não olharia pra trás para ver seu rosto. Eu simplesmente seguiria. Mas você me chamou. Disse: ei, você. E meu coração disparado na boca, quase me fazendo desabar, porque nessa hora eu não senti o chão. Fiquei arrepiada, tonta, quente e cega. Mas me virei. E você, já em pé, vinha em minha direção. Com os seus olhos grandes me olhava fundo e ria pra mim. Eu sei quem você é, disse me dando um abraço. E o abraço deu sequência a um beijo que acontecia enquanto a brisa batia em nossos rostos quentes e eu realizava aquele sonho que há tantos anos eu guardava no coração. Só não consegui sentir seu cheiro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sofia



E com o queixo em cima da mesa de madeira ele olha para as moedas que refletem a luz da lâmpada. Parece o sol, ele pensa. E a prateada parece a lua. Menor, ao lado. E lembra-se de Sofia. Conheceu Sofia no colégio, eram colegas, eram vizinhos. Suas mães eram amigas de porta de escola, mas eles não se falavam. E Sofia ainda era um nome exótico. Por isso não se esquecera dela. Ela era a única Sofia. Hoje sua namorada veio contar pra ele que descobriu que o filho que ela está esperando é uma menina. E que essa menina vai se chamar Sofia. Mas ele não sabe o que fazer. Ele nunca conseguiu conversar com Sofia e hoje, olhando praquelas moedas cheias de luz, ele descobriu por que. Ele sempre se sentiu esquisito perto dela. Ele sempre sentia suas bochechas queimando e a impressão de que tinha uma lagartixa em sua barriga. Quando Sofia olhava pra ele, a lagartixa sabia, e corria em volta do rabo. Dentro da barriga dele. E agora ele vai ter a sua Sofia. Mas a lagartixa já morreu. E a Sofia é outra. E ele só tem aquelas moedas.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Hit do meu verão

Não só essa música, como o álbum inteiro ( Florence and The Machines - o album se chama "Lungs) - essa mulher (Florence Welch) canta demais.




Happiness hit her like a train on a track
Coming towards her stuck still no turning back
She hid around corners and she hid under beds
She killed it with kisses and from it she fled
With every bubble she sank with her drink
And washed it away down the kitchen sink

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your loving, your loving behind
You cant carry it with you if you want to survive

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

And i never wanted anything from you
Except everything you had and what was left after that too, oh
Happiness hit her like a bullet in the head
Struck from a great height by someone who should know better than that

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your loving, your loving behind
You cant carry it with you if you want to survive

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run