quinta-feira, 11 de março de 2010

Sofia



E com o queixo em cima da mesa de madeira ele olha para as moedas que refletem a luz da lâmpada. Parece o sol, ele pensa. E a prateada parece a lua. Menor, ao lado. E lembra-se de Sofia. Conheceu Sofia no colégio, eram colegas, eram vizinhos. Suas mães eram amigas de porta de escola, mas eles não se falavam. E Sofia ainda era um nome exótico. Por isso não se esquecera dela. Ela era a única Sofia. Hoje sua namorada veio contar pra ele que descobriu que o filho que ela está esperando é uma menina. E que essa menina vai se chamar Sofia. Mas ele não sabe o que fazer. Ele nunca conseguiu conversar com Sofia e hoje, olhando praquelas moedas cheias de luz, ele descobriu por que. Ele sempre se sentiu esquisito perto dela. Ele sempre sentia suas bochechas queimando e a impressão de que tinha uma lagartixa em sua barriga. Quando Sofia olhava pra ele, a lagartixa sabia, e corria em volta do rabo. Dentro da barriga dele. E agora ele vai ter a sua Sofia. Mas a lagartixa já morreu. E a Sofia é outra. E ele só tem aquelas moedas.

Um comentário:

Caio Coletti disse...

Lindo, lindo.
Fala da passagem do tempo, de como ele nos deixa para trás, das oportunidades que deixamos passar, tudo com muita habilidade! Parabéns!

Abraço! :D