quinta-feira, 29 de julho de 2010

Bolinha verde



Esse post é o recorte de uma conversa que aconteceu no msn entre mim e uma amiga da minha mãe (que já está na faixa dos 50 e poucos anos). Eu ri muito -e alto- e achei interessante como que a inclusão digital gera novas formas de lidar com os embates afetivo-sexuais... kkkk


A minha filha falou que eu estou com cara de boneca nessa foto...forçada e artificial
Foi meu sobrinho que tirou e eu me arrumei toda e sorri amarelo. Foi isso,não ta natural
não era pra ter ficado tão forçada,mas pedi ao Ian p tirar a foto e colocar pq não sei fazer essas coisa.
filho é crítico mesmo...
essas férias é q eu estou aprimorando conversar no msn
é falso...não tem o tom
a gente fica sem paciência

(...)

o que mais me intriga é a pessoa estar online -bolinha verde- e não te chamar
a gente se sente rejeitada
o tal do face bock é engodo
todo mundo mente ser animado
ser bem humorado
ser cult
eu não quero me acostumar com isso não
não é legal,é falso demais


eu mesma manipulo um ex...fico online,mas fui andar
nem sei se ele me chama
fico online só pra ele mesmo
isso é o fim do mundo...para pra pensar...

C. diz:
kkkkk
se ele te chamar, a janelinha com o nome dele aparece
e fica laranjinha
até quando vc voltar



nunca ficou laranjinha
então ele nunca me chamou
oooooo,dó!!!!
(...)

o mais tágico é ficar olhando pra bolinha verde pensando que a pessoa ta ali

a gente fica apaixonada pela bolinha

aaaa,nemmmmmmm
preferia a época do telefone
pelo menos a gente podia andar pala casa

eu fico assentada ao lado dessa porra pra ver a bolinha da bosta do homem

a bolinha verde mata

só...a gente engorda em frente a esse treco


C. diz:
se ele te bloquear, vc nunca mais vai ver a bolinha dele

quer dizer que ele não me bloqueou?
ai,que bom

é uma tortura...primeira vez que isso acontece comigo
teve um dia que eu não aguentei
chamei ele e falei :-Estou
colocando as sandálias da humildade

e te chamando,pq posso ver a sua bolinha verde...tão longe e tão perto

mas ele não riu...

falou que eu não precisava me incomodar,nem ficar constrangida
que poderia chamá-lo qdo quisesse
mas eu vou chamar e falar o que?

ele mora no Rio e fizemos um acordo
eu entrei c a bunda e ele com o pé

C. diz:
kkkkkkkkk

ai !!!
e esse acordo tá bom pra vc????
ahhaah

naõ
tou sofrendo igual adolescente

tanto que fico aqui olhando a bolinha dele
quase o dia inteiro

a minha filha pensa q eu bloqueei o véi

mas eu tou é verdinha só pra ele. as vezes.

mas uma hora ele vai ,além de ficar verde,ficar laranja....

(..)

haha,,,quem me dera achar que é assim
não acredito mais na verdade
acredito num jogo fudido
em que o ganhador sabe das regras
pra homem mto vivido - ele tem 70 anos! a gente deveria poder ser mais espontânea,mas
a minha experiência tem me mostrado que
você tem que fingir leveza...se é que isso
é possível
eu não sei fazer isso,então me recolho
ninguém esconde um peso feito o mórbido!
meu....obesidade afetiva mórbida
e de sumir também eles gostam...
alá. foi só falar pra bolinha dele ficar laranja.

(...)

domingo, 25 de julho de 2010

AR


Andava sozinha porque achava que não precisava de ninguém. No caminho (aparentemente) deserto ia feliz porque acreditava que não precisava de ninguém...

(...)

Ela dizia gostar de pessoas, e não de coisas. Era humanista, e não materialista, brincava. Então, não era estranho ela estar sempre mais rodeada de coisas do que de pessoas? Era assim porque ela pensava que não precisava de ninguém. “Gostar é uma coisa, precisar é outra”...

(...)

Mas em seu peito havia um peso. O peso do espaço vazio. O peso da lacuna. O peso da falta. E esse peso às vezes deixava o ar difícil de respirar. E ela sentia sua circulação diminuir, seu coração acelerar e sua pele gelar. Então percebeu que respirar era algo de que ela precisava se lembrar de vez em quando...

...ela precisava se lembrar de respirar...


Daí ela se sentia mais leve, pois o ar preenchia aquele espaço vazio no meio do peito.


Mas ela não era uma bola. Nem um balão. Ela sabia que não era de ar que ela precisava para estar realmente preenchida. Ela precisava de alguém. Foi aí que percebeu que não podia mais andar sozinha e também teria que sair do caminho (aparentemente) deserto.

“A caminhada pelo outro caminho é mais longa, parece”.

“A vida é cheia de paradoxos, e paradoxos cansam” disse ela ...

... suspirando...

de saco cheio de ar.

domingo, 18 de julho de 2010

Palavrista de alma


“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.”

(Carlos Drummond de Andrade)


Não sou poeta. Não sou cronista. Estou sempre à mercê de um lirismo momentâneo que me provoque a coragem de sentar aqui e escrever alguma coisa. Não que eu não tenha inspirações. Sim, eu as tenho. Não que eu não pense que isso deveria ser dito, ou que aquilo deveria ser “publicado”. Muito pelo contrário. Praticamente todos os dias eu tenho um pensamento chave para uma discussão, para a reflexão sobre suas causas e implicações. Mas eu respeito muito qualquer pessoa que me leia ou me escute. E me recuso apresentar algo que eu não acredite que valha a pena ser dito. Moro no silêncio. As palavras também habitam o silêncio antes de serem ditas. (Posso pegá-las e elas fazem um barulho oco quando caem). E eu também as respeito. Já foi explicado que o trabalho com as palavras é uma luta - vã, diria o poeta. Mas é uma luta que alguns nascem predestinados à loucura que é encará-las. Eu, como não sou escritora de ofício, não consigo escrever todos os dias, faltam-me forças e coragem.