sábado, 1 de agosto de 2009

RIMA

Será que eu consigo fazer uma rima?

Ontem , imersa em meu planeta interior
sem saber se saía ou se enfiava minha cabeça na terra
tampando os ouvidos e fechando os olhos
seu telefonema me alerta, me colocando em torpor.
sem saber porque, sem me dizer pra que era
me convoca pra um lugar desconhecido – vc sabe que eu detesto o desconhecido- e me provoca , ameaçando o horror.
mas a verdade, aquela que só se descobre na hora,
foi uma surpresa, dessas que mudar toda a rota.
E, de uma hora pra outra, chorei, revi fantasmas, escrevi resenhas
E fiz análise. E voltei pra casa sem precisar de nada. Com descobertas no bolso. Com respostas que eu ainda não sei como usar. Mas que, ao seu tempo, se mostram úteis, para que a minha vida- tardiamente adulta, tenha o sentido que as vidas têm que ter. Amadurecimento? Não sei. O tempo passa, e a gente continua se perguntando sobre o sentido da vida. Talvez não haja nenhum. Talvez, a brincadeira seja exatamente essa: encontrar respostas para perguntas erradas. Enquanto deus- se há um- ri da nossa cara. ( eu acredito em deus, e acho que ele faz isso mesmo: ri da nossa cara, da nossa inocência). Pois os mistérios ainda são muitos, desde o início da humanidade. Já pensou em parar de se perguntar? Já pensou em se desprender da culpa? Da sensação de que sempre é preciso dar satisfações a alguém, de que sempre é preciso saber o porquê do agir... Já parou pra pensar que cada um é um planeta. Que cada planeta tem seu regimento, e, que o estranho, na verdade, é o tal comportamento padrão? A obediência é estranha. A obediência anula individualidades. Trabalhar sozinho. Pensar sozinho. Negar religiões. Negar práticas coletivas. Negar discursos catequizadores. Ler livros. Literatura. O imaginado. O criativo, o fantástico.o absurdo O ilógico nessa ordem, que foi estabelecida por quem? Pra quem? Quando? Cultura milenar? Coisa nenhuma. O meu tempo é aqui, agora, se muito, dura um século. Eu não tenho que carregar restos. Não vou obedecer. Eu vou fazer o que eu quero. Quando eu estiver certa do que isso é. Mas até eu descobrir, eu quero mais sair errando por aí, pois o acerto prévio não passa de obediência. E obediência tá por fora.

p.s. não. Eu não consigo fazer uma rima. rá


Surpresa

Um amigo disse que tenho muito da infância em mim. Eu nunca acredito que as questões transparecem para os outros. Mas isso acontece. Daí, quando menos se espera, vem um observador e relata tudo aquilo que a gente acha que ta escondido lá no fundo dos nossos compartimentos. Os poros exalam todas as nossas verdades para quem quiser lê-las. Os olhos transmitem toda a nossa essência para quem consegue interpretá-los. Mas o engraçado é que, ás vezes, a gente precisa justamente é de alguém pra apontar o dedo na nossa cara e falar. Ou pegar esse mesmo dedo e cutucar todas as nossas feridas pra gente sentir que elas ainda estão lá. O Alex fez isso comigo ontem. De uma forma despretensiosa, enquanto eu falava sobre um desentendimento com o meu pai, eu falei que eu precisava matar o meu pai (simbolicamente). Eu estou num momento de definir novos paradigmas, de resolver todas as pendências da minha vida. E o meu pai provocou uma situação a partir da qual eu senti a necessidade de colocar a nossa relação em xeque. Daí o Alex me manda uma dessa: você tem muito da infância em você. E aí eu saquei tudo. Eu entendi todas as terapias que eu já fiz na vida nessa frase do Alex. Agora, com 29 anos, faz sentido pensar nessa história, porque agora chegou o momento de definir, posicionar e, finalmente, crescer pra valer. Ir pra vida adulta pra valer, sem essa âncora que me prende à infância. Obrigada, Alex. Você me deu a chave. Agora tenho só que descobrir como abrir essa porta. Ou fechar. Depende do ponto de vista.