domingo, 25 de julho de 2010

AR


Andava sozinha porque achava que não precisava de ninguém. No caminho (aparentemente) deserto ia feliz porque acreditava que não precisava de ninguém...

(...)

Ela dizia gostar de pessoas, e não de coisas. Era humanista, e não materialista, brincava. Então, não era estranho ela estar sempre mais rodeada de coisas do que de pessoas? Era assim porque ela pensava que não precisava de ninguém. “Gostar é uma coisa, precisar é outra”...

(...)

Mas em seu peito havia um peso. O peso do espaço vazio. O peso da lacuna. O peso da falta. E esse peso às vezes deixava o ar difícil de respirar. E ela sentia sua circulação diminuir, seu coração acelerar e sua pele gelar. Então percebeu que respirar era algo de que ela precisava se lembrar de vez em quando...

...ela precisava se lembrar de respirar...


Daí ela se sentia mais leve, pois o ar preenchia aquele espaço vazio no meio do peito.


Mas ela não era uma bola. Nem um balão. Ela sabia que não era de ar que ela precisava para estar realmente preenchida. Ela precisava de alguém. Foi aí que percebeu que não podia mais andar sozinha e também teria que sair do caminho (aparentemente) deserto.

“A caminhada pelo outro caminho é mais longa, parece”.

“A vida é cheia de paradoxos, e paradoxos cansam” disse ela ...

... suspirando...

de saco cheio de ar.

Nenhum comentário: