segunda-feira, 13 de outubro de 2008


De repente, a gente acha que ta tudo sob controle e, assim como uma brisa traz um cisco pra dentro do olho, algo acontece na vida e coloca um cisco no nosso coração; cisco que basta pra desarrumar tudo o que levamos semanas pra botar em ordem. Aquele chão que lavamos e enceramos de joelho e deixamos brilhando com toda a força dos braços. Como estamos sozinhas, temos o controle e tomamos o cuidado de preservar aquele chão brilhante, aquela casa (vazia) limpa e arrumada. Aí ele vem. Começa com o barulho dos passos na escada. Ficamos atentas. Não. Ele não vai entrar. As chaves balançando na mão anunciam a sua proximidade. Mas, não. Ele NÃO vai entrar. Chave na porta. Porta aberta. Olho no olho; sorriso no rosto; primeiro passo com aquelas botas. Ele anda em nossa direção, passa a mão em nosso rosto, ainda com seu sorriso, e diz “só vim ver se você estava bem”. Vira-se, caminha até a porta, fecha-a, tranca-a e vai embora. E deixa a gente lá. Do mesmo jeito. Mas agora com o chão manchado... se ele pelo menos ficasse... não me importaria tanto. Mas já que ele só veio ver como eu estava, agora precisarei limpar o chão de novo... passar pelo mesmo processo, me ajoelhar, me curvar, esfregar com força, para que a minha casa (vazia) fique, pelo menos, limpa.



Fico olhando praquele rastro sem saber se quero retirá-lo do meu chão, pois é a prova de que ele esteve ali. Aquele rastro é a prova de que ele ainda se lembra...

9 comentários:

Nat Valarini disse...

Bom dia!

Nossa, fiquei impressionada com a forma como escreve.

Você realmente consegue prender a atenção do leitor.

Aguardo a próxima postagem!

Sucesso para o teu blog!

Ellen Regina - facetasdemim disse...

Fico me perguntando porque temos q lustrar o chão...

invadido disse...

Bom Dia! Adorei o seu post.
Abracos

Anônimo disse...

Olá! Delícia seu texto, flui natural e ficamos com a sensação do que foi escrito. Perfeito. Fico encantada quando um texto nos transporta, nos faz imaginar os detalhes, as pessoas, o clima. Parabéns!

Estou postando um conto onde também fala desta solidão... amores possíveis, impossíveis, solitários, mitificados, formas de amar pouco convencionais. Postei hoje a 3ªparte. Como é minha primeira experiência neste sentido, gostaria de opiniões. Fique à vontade se quiser dar uma lida.

Beijos

Tania Montandon disse...

Adorei, vc expressa o o que todos sentem mas não dizem de uma maneira bonita. Parabéns, continue!

bjo

Anônimo disse...

vou ser sincera não entendi a mensagem subliminar que quis passar .. fiquei a imaginar uma serie de coisas .. mas não defini oq realmente quis dizer ..
seria um amor, solidão .. me ajude .. rsrsrsr

abç..

Carolcdf disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Contos de F. disse...

rsrsrsrsrr
figura...! mas vou deixar em aberto, pois nao quero limitar a mensagem. fique à vontade para interpretar do jeito que preferir e, se mesmo assim não conseguir captar algo, volte... quem sabe depois isso faz mais sentido....

mas obrigada mesmo assim!

Anônimo disse...

Olha eu de novo .. rsrs

para elogiar mais uma vez o belissomo texto .. parabéns..

abç..