Quando não me compreendem me sinto um inseto desorientado. Tentando fugir não sei de quê, num espaço que não sei qual é. Falo alguma coisa que era pra ser sutil, e me chamam de escrota. Solto uma piadinha, e todo mundo fica me olhando com aquela cara de parede. E penso: como assim ninguém entendeu? Tão óbvio. Aí parei pra reparar que na maioria das vezes eu falo coisas querendo dizer exatamente o contrário. Aí comecei a pensar que, de repente, o problema pode ser eu.
terça-feira, 23 de março de 2010
hã!?
Quando não me compreendem me sinto um inseto desorientado. Tentando fugir não sei de quê, num espaço que não sei qual é. Falo alguma coisa que era pra ser sutil, e me chamam de escrota. Solto uma piadinha, e todo mundo fica me olhando com aquela cara de parede. E penso: como assim ninguém entendeu? Tão óbvio. Aí parei pra reparar que na maioria das vezes eu falo coisas querendo dizer exatamente o contrário. Aí comecei a pensar que, de repente, o problema pode ser eu.
domingo, 21 de março de 2010
O amor precisa só de mim
Com os pés na grama, sentada, observando a paisagem do mirante, vendo a cidade inteira como se eu não coubesse dentro dela, vejo sua figura surgindo, como se a cidade me oferecesse você. O vento bate no meu rosto. Olho pra você, com olhos desconfiados, sem acreditar no que vejo: você. É bom demais pra ser verdade. Você que vive tão longe, você que vive numa memória tão distante. Você que não me conhece, mas sabe que eu sonho com você. Você e os seus olhos grandes, cor de açúcar queimado. Não acreditei quando te vi. Mas você não me viu, e se sentou de costas pra mim, para observar a mesma cidade que eu via. Olhávamos para o mesmo lugar. Mentira. Eu agora não olhava mais pra cidade. Olhava pra você. Podia ver o osso da sua coluna sob a blusa branca. Aquilo te fazia mais real. Eu me perguntava que cheiro era o seu. E pensava em toda a história que eu vivi sozinha, com você dentro de mim. Então resolvi ir embora. Por que eu já estava cansada de pensar em você. Decidi desistir de tudo. O caminho era um só, e eu teria que passar por você, que me veria – se visse- somente de costas. E eu não olharia pra trás para ver seu rosto. Eu simplesmente seguiria. Mas você me chamou. Disse: ei, você. E meu coração disparado na boca, quase me fazendo desabar, porque nessa hora eu não senti o chão. Fiquei arrepiada, tonta, quente e cega. Mas me virei. E você, já em pé, vinha em minha direção. Com os seus olhos grandes me olhava fundo e ria pra mim. Eu sei quem você é, disse me dando um abraço. E o abraço deu sequência a um beijo que acontecia enquanto a brisa batia em nossos rostos quentes e eu realizava aquele sonho que há tantos anos eu guardava no coração. Só não consegui sentir seu cheiro.
quinta-feira, 11 de março de 2010
Sofia
E com o queixo em cima da mesa de madeira ele olha para as moedas que refletem a luz da lâmpada. Parece o sol, ele pensa. E a prateada parece a lua. Menor, ao lado. E lembra-se de Sofia. Conheceu Sofia no colégio, eram colegas, eram vizinhos. Suas mães eram amigas de porta de escola, mas eles não se falavam. E Sofia ainda era um nome exótico. Por isso não se esquecera dela. Ela era a única Sofia. Hoje sua namorada veio contar pra ele que descobriu que o filho que ela está esperando é uma menina. E que essa menina vai se chamar Sofia. Mas ele não sabe o que fazer. Ele nunca conseguiu conversar com Sofia e hoje, olhando praquelas moedas cheias de luz, ele descobriu por que. Ele sempre se sentiu esquisito perto dela. Ele sempre sentia suas bochechas queimando e a impressão de que tinha uma lagartixa em sua barriga. Quando Sofia olhava pra ele, a lagartixa sabia, e corria em volta do rabo. Dentro da barriga dele. E agora ele vai ter a sua Sofia. Mas a lagartixa já morreu. E a Sofia é outra. E ele só tem aquelas moedas.
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