quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Historinha de amor





...
 
- Você continua roubando maças...!

- É que as maças que te dou não podem ser compradas. Elas representam todos os desafios que enfrento por você, só pra te ver feliz. Você sabe como o seu Honório fica uma fera quando eu roubo as maças dele... ele sempre grita e aponta a espingarda pra mim! (risos) Mas eu sei que você adora maçãs...

- Eu não gosto de maças. Eu gosto só das maças que você traz pra mim.

sábado, 6 de outubro de 2012

A Sra. e o seu cachorro

Berta era uma senhora muito bonita. Loira, seus cabelos ainda esvoaçantes, apesar de 50 anos de tinta, e olhos cor de água marinha. Batom cor de rosa sempre. Correntinha de ouro com a imagem de nossa senhora, que ganhara quando completara 15 anos, enfeitava seu pescoço perfumado com Colônia de Alfazema. Tinha 5 irmãs e abusava de estampas floridas. Morava com as 2 irmãs que não se casaram. Eram todas da mesma faixa etária. Todas nascidas por volta de 1940...



Já havia muito tempo, alguns meses, que Berta tinha visto um anúncio sobre adoção de cachorros abandonados. Como já era uma senhora, tinha resistência a novas idéias e grandes mudanças. Mas como, ao mesmo tempo, queria muito um cachorro em sua vida, insistiu no pensamento e, finalmente, foi ao canil escolher seu novo companheiro. Eram muitos. Alguns com os quais ela não simpatizara, mas a maioria era bastante carismática. Enquanto analisava todos cuidadosamente, um deles se aproximou, assentou-se a seus pés e ficou lhe encarando. Eles trocaram olhares, mas Berta continuou a procura, até que sentiu aquele cachorro abraçando sua perna, roçando em sua pele nua e encostando seu membro quente em sua canela de pele fina. Sentiu sua face queimando e abaixou os olhos, envergonhada. Rapidamente pegou o cachorro no colo e se apressou para que pudesse logo chamá-lo de “meu, meu cachorro”.



Um dia Berta chegou com uma novidade nos braços. Com sua boca cor de rosa anunciou às irmãs que a casa agora tinha um novo morador. Lucky. De “sortudo”. Sortudo porque vai viver entre três mulheres, disse Berta. E as três logo chegaram e acariciaram Lucky como se ele fosse realmente um saudoso membro da família. E a partir deste dia todas as visitas tinham que tratar Lucky da mesma forma como tratavam as irmãs. E elas deixavam isso claro, de maneiras que beiravam o constrangimento, como, por exemplo: “pega na patinha dele pra dar boa noite”... E isso deu o que falar, principalmente entre as outras irmãs (as casadas), que por terem muitos filhos, netos e agregados, não tinham espaço em suas mentes e corações para animais de estimação. A não ser uma delas, que, de tempos em tempos, trocava os peixes de seu aquário... mas isso é outra história. O que importa agora é que ninguém entendia o porquê daquele tratamento ao cachorro.



A rotina na casa das “meninas” era normal: refeições, faxinas, regar o jardim, fazer compras, fofocar “um pouco”, pensar na vida. Essa ultima atividade era feita, geralmente, com uma em cada canto da casa. Mas elas não sabiam que esse era o momento em que mais concordavam entre si. Por que, para aquelas três mulheres, o que faltava era a mesma coisa. E era sempre sobre essa falta que elas passavam a maior parte do tempo pensando quando não havia maiores preocupações. Mas, com a chegada de Lucky, finalmente elas conquistaram o que as fazia tão pensativa. Afinal, agora, todas elas tinham alguém para chamar de seu.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Putz, Feist!


Sou fã da ponta do pé até o último fio de cabelo. Olhem que lindo ficaram esse vídeos com algumas músicas do disco novo!

Dei um Ctrl+Print Screen só pra ilustrar! Cliquem no link abaixo!



                                                                http://www.listentofeist.com/#air

Esse disco me leva pra outro lugar...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Enquete

Eu sempre achei que meu 6º sentido funciona muito bem. Sou dessas pessoas que pensa em alguém, e esse alguém me telefona ou aparece depois de mil anos. Eu sempre confiei na minha intuição. Mas isso gera esse pequeno problema quando você está se relacionando com outra pessoa. Por mais controlada que a gente possa ser, é impossível não entrar numas de querer saber o que o outro pensa, por onde o outro anda, o que o outro está fazendo e por que o telefone dele está desligado a essa hora do dia. Nesses momentos, me sinto a pessoa mais intuitiva do planeta e nem argumento, parto direto para as reações, acreditando que o que vem à minha cabeça é muito mais do que simples intuição. Acredito que tenho O superpoder. Mas aí, depois que vou (tentar) dormir, vem aquela vozinha do fundo da cabeça (que é tipo um buraco negro, coisas incríveis podem vir de lá) e começa a fazer aquela enquete clássica: você é intuitiva ou paranoica? Eu preferia que o fundo da minha cabeça se atualizasse e fizesse um site em que essa pergunta pudesse ser respondida através daqueles testes, de preferência com perguntas que têm respostas “sim” ou “não”.


Juro que tô desde as 3 da manhã pensando nisso.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Sem meu coração

Texto inspirado na capa desse disco



Depois de tomar meu banho e prender os meus cabelos com aquele lenço que compramos na feirinha daquele bairro distante, que era perto da lanchonete em que eu entrei para tomar um caldo de cana e peguei um copo achando que era o meu, mas, na verdade, era o seu – você só tinha ido pegar a ficha no caixa – e nós rimos porque você insistia tanto para eu pegar aquele copo, e eu super sem graça, me achando meio mal educada por não ter paciência para esperar o meu – mas você insistia tanto, e eu dizendo que não - a moça da lanchonete olhando pra gente, com o outro copo de cana na mão, esperando a gente decidir de quem era cada copo afinal – aquela quase se tornou a nossa primeira briga, mas você pegou os dois copos na mão e disse que pelo menos um eu ia ter que aceitar e nós rimos “que menino difícil”, eu disse, já apaixonada por você, que respondeu “sou difícil mas você dá conta” acho que também já apaixonado por mim (será???) porque aquela tarde durou um dia inteiro e, se não fosse o aniversário da sua avó que você TINHA que ir, acho que duraria uma noite, uma manha e mais uma tarde inteira – eu juro que não queria que você fosse ver sua avó naquele dia, ou que você me levasse para conhecer toda a sua família logo de uma vez, porque eu sabia que ali eu já estava sem o meu coração inteiro, acho que naquela confusão dos copos, você acabou bebendo um tanto do meu coração por engano (?) então depois de tomar meu banho e prender meus cabelos com aquele lenço, passo o perfume que eu sei que você gosta tanto, porque eu sei que se você fechar os olhos, se você não pensar demais, se você acreditar que alimentar um sentimento bom é o bastante para ser feliz eu sei que você vai desistir dessa ideia louca de ir embora e me deixar aqui, pela metade, sem o meu coração ...




...









Menina, eu fui embora. Mas entrei no ônibus que passava por aquele bairro distante onde você comprou seu lenço e resolvi descer por lá, para tomar um caldo de cana. E então me lembrei de tudo. Me lembrei por que eu comecei a te amar. Me lembrei que quando você dizia que não ia aceitar o meu copo você fechava os olhos, sacudia a cabeça e sorria sem separar os lábios e por mim você poderia ficar muito tempo com os olhos fechados para eu poder ficar te olhando com calma. EU QUERIA TE REPARAR INTEIRA. E você abria os olhos e era como se eu levasse um susto, porque eu também queria ficar muito tempo olhando para o dentro dos seus olhos de castanha. E agora que eu fui embora eu percebo que eu vou ter que voltar, porque eu ainda não me cansei de olhar para eles. Porque a gente nunca voltou aqui pra tomar um caldo de cana dividindo o mesmo copo. E talvez seja isso que esteja faltando pra gente ser feliz pra sempre.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Coragem




A gente tem essa mania de achar que o mundo vai acabar quando aquela pessoa decide ir embora. A gente pensa que nada mais faz sentido, se sente como se tivéssemos sido jogados na lata de lixo e ninguém no mundo nunca mais vai querer a gente. É como se aquela pessoa levasse com ela toda a nossa energia, o nosso brilho e a nossa vontade de viver. É uma depressão intensa e rápida, seguida de uma pequena morte. Mesmo se sabemos que aquela pessoa nem é tão interessante assim, que aquela pessoa ficou do nosso lado aproveitando o momento, aproveitando-se da comodidade que é ter alguém e que aquela pessoa dizia coisas como “acho que eu to te amando hoje”. E isso bastava pra fazer a gente feliz (feliz não, satisfeito). Mesmo quando a gente sabe que não temos afinidade com aquela pessoa, que ela é uma pessoa legal, bonita, inteligente; é até boa de cama, mas ainda falta uma coisa, que ninguém nunca sabe dizer exatamente o que é, mesmo assim achamos que o mundo vai acabar quando essa pessoa decide ir embora!

Tem gente que também não fica feliz levando aquela vida de solteiro, com uma pessoa diferente a cada dia, um programa diferente a cada dia, porque nada disso preenche o vazio que tem no peito, e aí a depressão não é tão intensa, é mais constante, porém não é seguida da pequena morte. Tudo permanece ali: a depressão, o vazio e a vida morna.

Eu acho que o amor é uma coisa que a gente senta e espera chegar. E não tem nada nessa vida que exija da gente mais sabedoria do que a espera.

Somos muito imediatistas e, de maneira geral, não acreditamos que as coisas precisam de um tempo para acontecer e que nem tudo de que precisamos na vida depende na nossa ação. Às vezes somos condenados à incapacidade de poder fazer alguma coisa, então fazemos uma coisa qualquer para aliviar essa aflição. Mesmo que a gente saiba que é só um paliativo. Algo para aliviar a inquietação imediata. Que daqui a pouco vai voltar.

A vida é muito ampla. Pare um instante de olhar para dentro de si. Olhe ao redor. Olhe para as outras pessoas, vá ao parque andar descalço na grama, tomar um suco, coloque seus óculos de sol, aquela roupa que você nunca usa, ande pela rua, procure uma arte para apreciar, olhe ao redor! A vida é muito ampla! Não há porque a gente concentrar tudo em uma pessoa só, ela existindo na nossa vida ou sendo o imaginário de que é tudo o que falta.

A mãe de uma amiga um dia me disse que aqueles dizeres cristãos “ame ao próximo como a si mesmo” estão equivocados e que o certo é “ ame a si mesmo como você ama ao próximo”. Namore-se.

Porque, quando aquela pessoa decidir ir embora, você terá a certeza de que você vale mais e, quando a próxima pessoa chegar, vai encontrar alguém inteiro e repleto de coisas boas e amor próprio.