“Nomear um objeto é destruir três quartos do prazer que reside no adivinhar gradual da sua verdadeira natureza” (Mallarmé)
Nunca consegui dizer quem eu sou. Acho que não consigo me definir através das palavras. Também não gosto de categorizar os outros em listas de adjetivos. Ao meu ver, a única coisa que supera as palavras em seu poder são as atitudes. E é assim que me defino. Como eu não posso me ver, ou melhor, como o meu ponto de vista sobre mim mesma é diferente do ponto de vista de qualquer outra pessoa sobre mim, qualquer tentativa de me definir vai ser parcial e extremamente subjetiva, pois eu conheço alguns de meus esconderijos, várias de minhas motivações, mas isso nunca fica totalmente claro para aqueles que só veem minhas atitudes. Então sempre haverá um dissenso entre a minha verdade e a verdade dos outros sobre mim. Por isso eu nem me esforço muito para criar uma identidade fixa; me esforço apenas para ser fiel ao que eu acredito apesar de todo o resto, porque eu preciso de coerência.
O mesmo serve para os outros. Até que ponto podemos afirmar que conhecemos outra pessoa? Ou, ainda, como fazemos para conhecer uma pessoa? Eu sempre suspeito de pessoas que falam demais. Minha formação passa profundamente pela análise do discurso, e eu sei que falar é extremamente mais fácil do que agir. Não acredito em pregadores, pois toda ação deve ser relativa, não existe regra absoluta no que diz respeito ao comportamento humano. E também sei que, na maioria das vezes, as palavras são jogadas muito longe das atitudes, sem haver entre elas a mínima sincronia. Isso me dá um pouco de vertigem e me impressiona demais.
Daí o grande valor do tempo. O tempo. Não o tempo do relógio, esse que passa rápido e a gente não vê. Mas o tempo das coisas. O tempo do crescimento, da fermentação, do organismo, das estrelas, no sol, do universo, da vida. Esse tempo que não cabe num cronômetro. É esse tempo que vai trazer tudo o que precisamos saber. E esse tudo é formado por coisas boas e também por coisas ruins. Mas só poderemos descobrir se algo é bom ou ruim depois de experimentar através do tempo.
Então eu volto aos dizeres de Mallarmé, que diz que nomear é destruir parte do prazer de adivinhar gradualmente as coisas. A gente precisa de tempo. Tempo para nos conhecer, tempo para conhecer os outros, tempo para conhecer as coisas. A gente também precisa perceber que o prazer está no adivinhar, no descobrir, no entender e não no resultado do julgamento. O julgamento só entristece.
Nunca consegui dizer quem eu sou. Acho que não consigo me definir através das palavras. Também não gosto de categorizar os outros em listas de adjetivos. Ao meu ver, a única coisa que supera as palavras em seu poder são as atitudes. E é assim que me defino. Como eu não posso me ver, ou melhor, como o meu ponto de vista sobre mim mesma é diferente do ponto de vista de qualquer outra pessoa sobre mim, qualquer tentativa de me definir vai ser parcial e extremamente subjetiva, pois eu conheço alguns de meus esconderijos, várias de minhas motivações, mas isso nunca fica totalmente claro para aqueles que só veem minhas atitudes. Então sempre haverá um dissenso entre a minha verdade e a verdade dos outros sobre mim. Por isso eu nem me esforço muito para criar uma identidade fixa; me esforço apenas para ser fiel ao que eu acredito apesar de todo o resto, porque eu preciso de coerência.
O mesmo serve para os outros. Até que ponto podemos afirmar que conhecemos outra pessoa? Ou, ainda, como fazemos para conhecer uma pessoa? Eu sempre suspeito de pessoas que falam demais. Minha formação passa profundamente pela análise do discurso, e eu sei que falar é extremamente mais fácil do que agir. Não acredito em pregadores, pois toda ação deve ser relativa, não existe regra absoluta no que diz respeito ao comportamento humano. E também sei que, na maioria das vezes, as palavras são jogadas muito longe das atitudes, sem haver entre elas a mínima sincronia. Isso me dá um pouco de vertigem e me impressiona demais.
Daí o grande valor do tempo. O tempo. Não o tempo do relógio, esse que passa rápido e a gente não vê. Mas o tempo das coisas. O tempo do crescimento, da fermentação, do organismo, das estrelas, no sol, do universo, da vida. Esse tempo que não cabe num cronômetro. É esse tempo que vai trazer tudo o que precisamos saber. E esse tudo é formado por coisas boas e também por coisas ruins. Mas só poderemos descobrir se algo é bom ou ruim depois de experimentar através do tempo.
Então eu volto aos dizeres de Mallarmé, que diz que nomear é destruir parte do prazer de adivinhar gradualmente as coisas. A gente precisa de tempo. Tempo para nos conhecer, tempo para conhecer os outros, tempo para conhecer as coisas. A gente também precisa perceber que o prazer está no adivinhar, no descobrir, no entender e não no resultado do julgamento. O julgamento só entristece.