domingo, 26 de outubro de 2008

o que dizia a minha avó

Sempre tive pra mim que ser correta era sempre a melhor opção de vida. Nunca tive o dilema em saber o que é certo ou errado, sempre considerei certo o que não trazia problemas à minha consciência. E sempre procurei elevar essa questão da consciência à coerência de agir de acordo com os meus pensamentos e, principalmente com o meu discurso. Daí o meu enorme compromisso com a palavra. Eu acredito em palavras. Nas minhas palavras. Não nas dos outros. Para os outros eu tenho como primeira referência o comportamento, sabendo que falar é fácil, e que não; as pessoas geralmente não juntam palavras a ações.

Acho que por ler muitos livros clássicos, que têm aquele ideal de mulher nobre em seus atos, em suas intenções e sempre numa posição de resguardo, como se realmente fosse preciso se defender de algum perigo que espreita, eu tento me parecer com elas. Mas, na verdade, me guardo não por medo de algum perigo, e sim porque acho que o que é meu tem valor demais pra ser distribuído para muitos. Mas com isso acabo tendo que guardar tudo isso só pra mim, e isso acaba me fazendo mal também.

Já que “nenhum homem é uma ilha”, e por mais que eu não seja “obrigada a relacionar”, guardar tudo que é meu só para mim causa uma overdose, uma intoxicação. E o remédio para isso é justamente o que eu tenho tentado evitar: entregar algo de mim a alguém.

Um dos itens que me levaram a essa reflexão:

A música do Tremendão, tantas vezes já tocada, ouvida de bobeira um certo dia, me deu uma aflição, porque eu percebi estar agindo exatamente como a mocinha do enredo e fiquei com medo...


Vale ver o clipe!





Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão , meu bem
Quando acordou estava sem ninguém

Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão ...
(...)
Filosofia e poesia
É o que dizia minha vó
Antes mal acompanhado do que só
Você precisa é de um homem
Pra chamar de seu
Mesmo que esse homem seja eu ...
Um homem pra chamar de seu
Mesmo que seja eu ...

domingo, 19 de outubro de 2008


Quando queremos mudar uma situação de vida, intenções precisam ser colocadas em prática com muito esforço. Um proceder que exige que deixemos para trás “coisas” que nos fazem bem, mas que, aparentemente, não nos levam a lugar algum. Concentração, disciplina, força de vontade, fé. O tempo todo desse jeito, com a certeza de que algum sacrifício deverá ser feito em nome dessa transformação e, provavelmente, esse sacrifício será o do desapego. Os dias, as semanas e os meses passam, como se estivéssemos atravessando o mundo em linha reta. Foco. Determinação. Evolução. Desapego. Mas, de repente, ouve-se uma batida; reconhece-se algum símbolo. Nos desviamos daquela reta tão bem traçada e planejada e olhamos para aquele lugar do qual já estamos longe. E voltamos. Só para ver como andam as coisas, só para conferir e confirmar que lá está tudo igual, que nada mudou e que o desapego foi bem sucedido: “consegui deixar essa fase da minha vida para trás”. E, na volta pra casa, o susto da revelação – ou a simples aceitação de algo que já se sabia : por mais que eu me distancie, é lá que meu coração está. É como a casa antiga, na qual cresci e da qual tive que sair, mas que a cada retorno uma emoção intensa se manifesta porque, por mais que meu lugar não seja mais aquele, é ali que reconheço a maior parte do que sou.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008


De repente, a gente acha que ta tudo sob controle e, assim como uma brisa traz um cisco pra dentro do olho, algo acontece na vida e coloca um cisco no nosso coração; cisco que basta pra desarrumar tudo o que levamos semanas pra botar em ordem. Aquele chão que lavamos e enceramos de joelho e deixamos brilhando com toda a força dos braços. Como estamos sozinhas, temos o controle e tomamos o cuidado de preservar aquele chão brilhante, aquela casa (vazia) limpa e arrumada. Aí ele vem. Começa com o barulho dos passos na escada. Ficamos atentas. Não. Ele não vai entrar. As chaves balançando na mão anunciam a sua proximidade. Mas, não. Ele NÃO vai entrar. Chave na porta. Porta aberta. Olho no olho; sorriso no rosto; primeiro passo com aquelas botas. Ele anda em nossa direção, passa a mão em nosso rosto, ainda com seu sorriso, e diz “só vim ver se você estava bem”. Vira-se, caminha até a porta, fecha-a, tranca-a e vai embora. E deixa a gente lá. Do mesmo jeito. Mas agora com o chão manchado... se ele pelo menos ficasse... não me importaria tanto. Mas já que ele só veio ver como eu estava, agora precisarei limpar o chão de novo... passar pelo mesmo processo, me ajoelhar, me curvar, esfregar com força, para que a minha casa (vazia) fique, pelo menos, limpa.



Fico olhando praquele rastro sem saber se quero retirá-lo do meu chão, pois é a prova de que ele esteve ali. Aquele rastro é a prova de que ele ainda se lembra...

insônia


simplesmente para parar de sonhar com você

domingo, 12 de outubro de 2008

O Matador



O Matador:

Com apenas um olho aberto ele mira o alvo.

Com o cérebro ele atira.

E acerta.

Bem no coração.


quarta-feira, 8 de outubro de 2008


Cansada de fazer papel de louca sem querer. A vida exige muita disciplina da gente: não esqueça de anotar o telefone; não deixe de ligar; lembre-se de que sábado tem encontro na casa da Lili e que é pra levar bebida. Mas eu parei de beber... que saco; a galera vai chapar e eu vou ficar lá de cara. É sempre assim.. o povo bebe e eu começo a perder a paciência, fico de mau humor. Parei. Agora só cinema, pizza , museu... mas ai que preguiça ! Só programinha cult... sair pra comer pizza num sábado a noite!? Ahm? Fala sério... mas fazer o que? Ah já sei... vou fumar maconha então...não; maconha não... maconha me dá uns piripaques estranhos; tem gente que fala que é síndrome do pânico. Caralho! To ficando velha mesmo...velha ou neurótica? Anos de bebida, anos de drogas naturais e sintéticas e, de repente, tenho que parar com tudo porque eu não seguro mais a onda... já sei. To naquele momento da vida em que as pessoas decidem se casar e ter um filho. O momento em que cuidar só de mim e curtir a doidado já não é suficiente pra me satisfazer; preciso agora cuidar de alguém; achar um cara pra ser pai do meu filho. Mas onde eu acho esse indivíduo!? Na night!? Kkk- na igreja não; nem a pau ( ai que trocadilho bacana!!!) no clube- arrumar um atleta... ou então aquela clássica de ir fazer supermercado numa quarta a noite- dia oficial dos rapazes solteiros que moram sozinhos irem encher suas despensas. Pára tudo! Você ta pensando em casar!? Que isso!!!! Logo você, sempre tão independente, tão auto-suficiente... não.. casar não... mãe solteira também não... acho que vou fumar um mesmo, pra ver se eu paro de viajar. Credo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

ui!
viajei!
kkkkk
I
I
V

domingo, 5 de outubro de 2008

Caminhos e caminhadas

A caminhada se faz de passos; passos que exigem meu suor, porque a caminhada se faz de um caminho. Caminho que é longo e feito de pedras. Algumas grandes, outras pequenas. Umas praticamente intransponíveis, outras pelas quais caminhamos facilmente. O caminho, por sua vez, só é caminho se existir direção. E a direção quem decide sou eu. Posso ir para onde eu desejar. Posso, inclusive, mudar o meu caminho. E provavelmente farei isto. Mas preciso sempre ter uma direção, seja qual for. E direção só existe se houver uma escolha. E escolha é um ato excludente. De todas as opções possíveis, inclui-se uma, excluem-se todas as outras. Por isso, a essa escolha deve-se entregar toda dedicação e concentração e sem receio de o fazer, porque, a qualquer momento , a opção pode ser mudada e, a partir daí, toma-se outra direção e faz-se um novo caminho Mas ,uma vez tomada, essa opção marcará um rastro que não se apagará de sua caminhada. É por isso que ser fiel a uma escolha é importante - mas só enquanto ela durar.